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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Raul e eu


Agora são 03:37 horas da madrugada do dia 21 de agosto. Acabo de voltar do Bovary onde estava rolando um tributo a Raul Seixas.

Hoje está fazendo 21 anos de sua morte. Poderia começar este texto escrevendo um pouco sobre a trajetória da carreira do cantor, sua vida regada a excessos, a criatividade que mudou o rock brasileiro e o mito que se tornou. Entretanto, sou obrigado a escrever um pouco sobre minha relação com o músico e a influência que sofri ouvindo suas músicas.

A primeira vez que ouvi uma canção do Raul foi, aproximadamente, aos 11 anos de idade. Lembro de ter ouvido uma fita k7 que pertencia a minha mãe intitulada "Os grandes sucessos de Raul Seixas". Começava então uma relação que iria se alastrar por toda minha adolescência. Eu não queria saber de mais nada. Eu vivia Raul Seixas. Acreditava na "Sociedade Alternativa", era uma "Metamorfose ambulante" e andava como um "Maluco Beleza".

Sentia que estava indo na direção contrária dos meus amigos. Enquanto todos começavam a ouvir coisas como "Oasis" ou "Pearl Jam", eu só queria saber de Raul Seixas. Alguém chegava e perguntava:

- Ei Guto, já ouviu Green Day?

E eu respondia seco:

- Se não for Raul não quero nem saber.

Um pouco ignorante, eu sei. Mas aquele era meu mundo. Eu queria ser um bixo-grilo, filosofar, ter um Ray Ban aviador e etc. E assim fui seguindo. Comecei a aprender violão só para tocar as músicas do Raul. Eu era um verdadeiro Raulseixista.

Fico até nostálgico ao recordar aqueles tempos. Eu sei que não sou velho. Mas eu gosto de recordar aqueles dias. Tinha os melhores amigos do mundo, não tinha compromissos, algumas desilusões, muitos momentos felizes e um bocado de sonhos. Como eu sonhava.

Agora vem a pergunta: Aonde foi parar aquele cara?

Hoje eu estou mais maduro. Abri a cabeça para outros músicos e bandas, ainda bem. Não escuto mais Raul com tanta assiduidade como antigamente. Mas ainda gosto muito. Acredito que nunca vou deixar de ouvir. Volte e meia revisito sua obra. Canto uma de suas músicas que mais gosto e fico lembrando aqueles momentos, vivendo um pouco do meu passado.



Contudo, não me vejo mais tão sonhador. Estou ficando sério e chato. Sei que ainda resta uma centelha em mim, mas o que fazer com ela?

Achava o Raul diferenciado, pois ele fazia de suas músicas um verdadeiro veículo. Era muita informação contida em suas letras e melodias. Frases de impacto, sempre instigando o ouvinte a pensar e duvidar.



Assim sendo, essa é minha homenagem ao Raul, o canceriando sem lar. Para não fazer diferente dos tempos em que usava o Mirc, despeço-me com uma das frases do Raul que eu mais citava:



"Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida."

Um comentário:

  1. Fica tranquilo meu querido, todos somos mais sonhadores achamos que o mundo está a nossas mãos, mas sempre seremos um maluco beleza, ainda mais fazendo história que nos coloca na busca de uma sociedade alternativa melhor para todos, ficamos mais chatos, mais preocupados, mas faz parte, e acho que tem que ser assim, porque nossos filhos precisam nos achar chatos um dia, dizer que ouvir Raul é coisa de velho, e diremos para eles que os tempos bons não voltam mais.
    Abraço. Adriano

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